Localizada no topo de um morro na Serra Catarinense, a Casa Rancho foi implantada em um terreno de forte declive, com vista privilegiada para as montanhas e para o horizonte aberto, do nascer ao pôr do sol.

O projeto parte da leitura precisa da topografia: a casa se ancora no cume do terreno, junto à mata nativa e à área de preservação permanente que ocupa o fundo do lote. A implantação linear acompanha a direção da vista, garantindo que todos os cômodos — quartos, sala, cozinha e área externa — se abram para o panorama serrano.
A base da casa é construída em pedra bruta, em contato direto com o solo, evocando solidez e permanência. Essa fundação abriga o subsolo, onde estão localizados os carros e uma adega, estrategicamente escondidos da vista. Essa operação confere leveza à arquitetura: a casa parece flutuar entre as nuvens e a paisagem, descolada do terreno e suspensa sobre a natureza.

O segundo pavimento acomoda um mezanino conectado ao pavimento inferior por um pé-direito duplo, ampliando o espaço social e integrando visualmente sala e cozinha. Esse andar abriga também os demais quartos, mantendo a orientação voltada à vista.
Elementos como brises de concreto e madeira, marquises e aberturas generosas garantem conforto térmico durante todo o ano. A insolação é filtrada no verão e aproveitada no inverno, criando um jogo preciso de luz e sombra.

Os sistemas construtivos são expostos com sinceridade: a pedra da própria região, o concreto aparente e os acabamentos naturais revelam a essência material da casa. Soluções sustentáveis — como aquecimento de piso e água, e geração de energia por painéis fotovoltaicos — complementam a eficiência do projeto.

O acesso, por uma rua em aclive acentuado, exigiu uma solução de engenharia dedicada, vencendo a complexidade do relevo para revelar, ao final, a chegada à casa como um mirante sobre a Serra.